Logo depois que nos perguntamos lagartixando no sofá, por que o amor acaba? Sempre entre um silêncio e o outro se pode descobrir a força do fim, da morte – de algo, de nós, das horas – sempre, se pode esboçar um pouco do desentendimento ou do alheamento em relação a algo tão óbvio. É o mistério ou somos nós, tão estúpidos para compreender algo tão simples e claro. Nada foi a resposta. A resposta foi um carinho no ombro de um, um alisar nas coxas do outro.


É Tánatos o filho de Nix, a noite. Somos nós filhos vivos da incerteza da vida e certeza da morte, seja ela do corpo, ou do amor ou de todo o resto. Morte das horas, da poesia e da sublimidade. Sim somos também irmãos gêmeos de uma figura translúcida como Hipnos. Nós somos sonâmbulos e vulcânicos nesse mistério certeiro. Essa sombra que paira sobre nós é a mesma Mors romana. É como a mitologia eterna entranhada em nosso ventre. Estamos grávidos. Da incerteza e da absoluta universalidade dos temas e dos medos. (Mas não esquecemos Éter, o dia. Que vai esmorecendo e chegando como fênix amanhã.). E não conta outra lenda que entre os ovos do pássaro negro chamado Nix, a nossa noite, surgiu um de casca prateada e nasceu Eros? Ou através dele veio Fanes, a luz, de dentro do ovo preto, dessa mesma dúvida, do caos. Sim, a tarde tornou-se noite, a noite tingiu os lábios e o vinho ou baco e seu siamês grego Dionísio trouxe a mitologia e schluß, ponto final. Só ficou o amor, mil fins e o mesmo mistério de antes – contudo quem quer respostas?