sexta-feira, 20 de abril de 2007

E Erickson Luna se foi...

O poeta cheio de energia, sempre sorridente...

EPITÁFIO PARA UMBUROCRATA

Faz da gravata
a forca
a fina veste
é tua mortalha
e teu birôo teu esquife
Do gabinete ao túmulo
vade retro burocrata

CLAROS DESÍGNIOS

Os vícios tragam-me depressa
à parte a rebeldia que me torna
em jovem
Claros são os meus desígnios
é-me incontida a busca
dos momento
sao passo que me são
estranhas
as vocações que emergem
desses tempos

Diuturnos rituais
à impotência
as existências
curvam-se às idades
e se acrescenta à ancestral
obediência
a iminência de também ser
ancestral

A tal sorte a mim me cabe
lamentar o
pouco-a-pouco
a morte tarda dos longevos
sorrir da vida
e a que ela se presta
tão mais intenso
quanto perto o fim
Os vícios tragam-me
depressa
à parte a rebeldia
que me torna em jovem
CANTO DE AMOR E LAMA

Choveu
e há lama em Santo Amaro
nas ruas
nas casas
vós contornais
eu não
a mim a lama não suja
em mim há lama não suja
eu sou a lama das chuvas
que caem em Santo amaro

Vosso scoth
pode me sujar por dentro
cachaça não
vosso perfume
pode me sujar por fora
suor nunca
porque sou o suor
a cachaça e a lama
das chuvas que caem
em Santo amaro das Salinas

II

Em minha vida passa um rio
e se erige uma cidade
podres as águas deste rio
sob o tom cinza da cidade

Mangue aterrado
esgoto a céu aberto
em mim há lama
e há lama em mim

ECCE HOMO

Saiam da minha frente
matem-se
morram-se
deixem livre
o meu campo de visão
Me entristece
concebera semelhança
que nos une na semente
quem é que pode
ser feliz se vendo gente
Portanto
saiam da minha frente


Nenhum comentário: